segunda-feira, fevereiro 25, 2008

CARINHO E TERNURA

Três anos, apenas,
pernitas pequenas,
solta-se da mão,
abala a correr,
para o avô ver
que é um "Valentão".

Trópego o velhote,
também corre a trote,
mas não o segura,
entre avô e neto
Cresce amor, afecto,
carinho e ternura.

Quando o avô o chama,
o neto reclama:
-"Avô corre mais"!
E pelo parque fora,
parecem agora,
meninos iguais.

O ancião cansado,
na relva sentado,
chama o seu menino
e diz-lhe a brincar:
-"Vem cá ajudar
o avõ pequenino"!

Fernanda

sábado, fevereiro 23, 2008

GOSTO DE TI!...

Anão, tu és um homem pequeno
mas tens em compensação
um olhar doce e ameno
e um grande coração.

Qualquer menino que passa
olha p'ra ti e sorri,
sorri-te por te achar graça
e porque gosta de ti.

Então, bela criatura,
tu respondes-lhe sorrindo,
com carinho e com candura
e o menino acha-te lindo,

Pensa na branca de neve
e nos seus sete anoeszinhos,
despede-se ágil e leve
e atira-te com beijinhos.

O enorme e feio gigante,
também lhe ocorre à mente
e já um pouco distante
pára e sorri novamente.

E tu, meu homem pequeno,
já venceste o gigantão,
com teu olhar doce ameno
e o teu grande coração.

Fernanda

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

FORÇAS OCULTAS

A força que à vida dá,
forças p'ra vida viver,
é uma força que está,
dentro dela sem se ver.

Quase sempre a vida tem,
a força da própria vida,
mas muitas vezes, porém,
sente-se a força perdida.

Restando, então, recorrer
para a tal força invisível
p'ra continuar a manter
a vida no mesmo nivel.

E é essa força escondida
que nos serve de defesa,
p'ra vida não ser vencida,
logo à primeira fraqueza.

Fernanda

terça-feira, fevereiro 19, 2008

Ai se Eu um Dia Voltasse!...

Um velhote, já cansado,
ao ver um casal novito,
pôs-se a olhar descarado
e a piscar o seu "olhito".

O casal de namorados
ao velhote não ligou,
continuaram abraçados
e um ao outro beijou.

Ao ver trocar mais um beijo,
o homem, desorientado,
sentiu um louco desejo
de ser ele o namorado.

Olhando com insistência
o ancião sai-se com esta:
-"Minha filha tem paciência,
mas esse moço não presta"!

O rapaz ficou a olhar
e respondeu-lhe com graça:
-"Não se esteja a entusiasmar,
vá passear que isso passa"!...

...Fez que o homem recordasse
a longiqua mocidade,
diz-lhe então:-"Ai se eu voltasse,
a ter essa idade"!...

Fernanda

sábado, fevereiro 16, 2008

BELAS LEMBRANÇAS

Mantenho entre as mais belas lembranças,
Pelos campos, nossos passeios, de mãos dadas,
perdidos em horizontes de esperanças,
voando em fantasias aladas.

Os fáceis caminhos percorridos,
na planura da nossa imaginação,
tinham tapetes de pétalas estendidos
para passar a nossa doce ilusão.

Estes percursos, fruto da nossa utopia,
ao Paraiso nos teriam que levar,
para nós, a vida era amor e alegria,
mal e tritezas nela não tinham lugar.

O nosso Mundo era reino de venturas,
lá não cabiam nem malfeitores nem feras,
no Céu não pairavam nuvéns escuras,
as estações eram todas Primaveras.

Não havia fronteiras pr'o nosso amor,
ele ocupava todos os tempos e espaços,
ao abraçar-te tinha tal força e vigor
que eras o Mundo, apertado nos meus braços.

Anos, benditos, os que estou a recordar,
aqueles beijos que a boca nos queimavam,
noites de amor e loucuras sem parar,
só mais um beijo e novamente começavam.

Confesso, agora, que estão no fim nossas vidas;
Que dia-a-dia, são mais tristes e duras;
Que não lamento as loucuras cometidas;
Que gostaria de cometer mais loucuras.

Fernanda

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

SOL-POENTE

Já faz tempo que falo a sós comigo
com os astros, a lua e o luar!
Sinto-me só, princesa sem abrigo,
com um louco desejo de amar!

Quero ter um amor e um amigo
junto a mim com ternura a derramar!
Que me recorde um tempo já antigo
P'ra nas ondas suaves mergulhar...

Não sei se é sonho vão, se uma miragem,
voltar de novo a ser uma paisagem
e ninho acolhedor ao fim dum dia!...

Eu não quero ser triste sem o ser.
Quero encontrar alguém para viver
quero ser sol-poente de magia!

Fernanda

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

ROSAS VERMELHAS

Tenho por rosas vermelhas
uma longa e terna paixão,
fazem-me lembrar centelhas,
em noites de escuridão.

São bonitas, espampanantes,
chamativas, perfumadas,
lembrando belas amantes
p'ra noites de amor esperadas.

Quando as vejo em profusão
sobre os muros assomadas
sinto no meu coração
acelerar as pancadas.

Meus olhos prendem-se a elas
e elas lindas sensuais
tornam-se ainda mais belas,
para nos prenderem mais.

Fernanda

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

A BELA POESIA

Com pingos de inspiração e talento,
escreve o poeta seus poemas dia-a-dia,
nos dias Não escreve á dor, ao desalento
nos dias Sim canta à esperança e a alegria.

Pobre poeta, como eu entendo e lamento
os dias em que é triste, tua bela, poesia,
que a tua fé não resiste ao sofrimento,
por vezes o mundo coberto de hipocrisia.

Porém, poeta, nunca deixes de escrever:
os teus poemas de denúncia p'ra dizer
que queres o homem mais humano e fraterno,

que da força emanada dos teus versos,
nascerá arma para apontar aos perversos
e verás Céu, onde agora vês Inferno.

Fernanda

Este Soneto é dedicado a minha amiga Lídia,
do blogue: SILÊNCIO CULPADO.

sábado, fevereiro 09, 2008

O SOL COM A TERRA FAZ AMOR

Um dia, olhei para o Céu,
vi nele um espesso véu,
uma trovoada iminente:
Raios, coriscos, centelhas
abrem crateras, vermelhas,
em corrupio permanente.

Um raio de Sol espreita
Por uma abertura estreita.
Entre nuvens carregadas,
pequenas gotas de chuva,
Quais lágrimas de viúva,
São por ele violadas.

Passados breves instantes,
do acto entre os dois amantes,
um fenómeno acontece:
Um arco-iris, infinito,
torna o céu mais bonito,
O sol brilha, a terra aquece.

Belo arco-iris, colorido,
por nuvem negra parido,
que um raio de sol fecundou,
gera festival de cores,
filho de estranhos amores
que a tempestade juntou.

O Sol fonte de energia,
tudo mata, tudo cria,
seja em que lugar for,
é Deus da fertilidade,
luz divina, claridade,
com a terra faz amor.

Lisboa, 09/02/2008
Fernanda

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

VI PASSAR A ALEGRIA

Vi passar a Alegria,
muito pertinho de mim,
sorriu-me, disse bom dia
e numa louca correria,
lá seguiu para o seu fim.

Pus-me a correr atrás dela,
logo lhe perdi a pista,
bonita, ágil e bela,
fez tal qual a Cinderela
sumiu-se da minha vista.

Por ruas jardins e praças
pergunto a linda Alegria
mas só encontro desgraças,
mascaradas com caraças,
que me olham com ousadia.

A tais olhares, estremeço
mas finjo não estar a vê-los
porém, depois não os esqueço,
nem mesmo quando adormeço
eu, consigo esquece-los!

E não sei que hei-de fazer
para a Alegria encontrar,
se continuar a correr
ou se parar para ver
se ela um dia quer voltar.

Fernanda