sábado, dezembro 22, 2007

AO PÔR-DO-SOL

Ao pôr-do-sol,
no campo verde, perto do mar,
só eu e o barco...

Nada mais belo do que a paisagem colorida,
que alcança o meu parco olhar!
Atrás de mim um pinhal frondejante.
Ao longe uma casa esquecida
num terreno verdejante.

À minha frente o areal afagado pela onda
que chorou ainda há pouco,
ao bater na rocha rude, hedionda.

De rosto voltado para o sol, brilhando como louco,
levantei os olhos para o horizonte
e a onda caminhou paramim...

Ergueu a proa do barco, acariciou-me a fronte,
sorriu, esvaiu-se, regressando ao mar por fim.

O sol deixou no céu alaranjado
umas pinceladas de azul e branco,
que reflectiam a beleza de tanto mistério guardado...

A onda voltou tocando no flanco
do barco, que se quebrou.
minha alma cantou um poema branco,
e meu ser fascinado bailou!

Fernanda

sexta-feira, dezembro 14, 2007

RETORNO

Retorno ao ponte de origem, visito os
Caminhos por onde pisei,
Recordo a menina travessa, a querer
Ultrapassar os limites e a deixar
Que a vida tome o seu corpo e alma.
A memória guarda os pedaços
Da minha história e em cada recanto.

Encontro-me.
Os olhos vagueiam e sentem a natureza
Gritando a sua força.
Recordo as minhas idades, 9, 10, 11 anos,
Caminho sem pressa, afasto as pedras,
Como flores, falo com elas…

São faladoras: contam-me as suas cores,
Do cheiro, da beleza e dos seus amores.
A memória lembra e não quero o seu
Fenecimento.

O rosto de hoje mudou,
Sou outra e sou a mesma.
O sol a declinar e a menina ali a observar
O crepúsculo a se esvair
Aos poucos, despedindo-se sem
Traumas, num adeus sereno,
Sem deixar lágrimas, na doce previsão
Do seu retornar.
A menina e eu na mais incondicional cumplicidade.


Fernanda