segunda-feira, janeiro 22, 2007

CONFISSÃO

Não é uma ilusão a desventura
A miséria, o desgosto, o sofrimento!....
Quem poderá sem dor, em um momento
Ver um filho descer à sepultura.

Deus que engendrou com o choro a criatura,
E lhe emprestou o forte sentimento,
Quis dar-lhe, de outra vida o entendimento
Através de infortúnios, de tortura.

Quem pensa jactar-se. Triunfante,
Neste mundo, nunca ter chorado
Esse é o néscio, o exemplo mais flagrante.

Homem honesto, aquele e acreditado,
O que aos céus, brada ser, em tal instante.
Extremamente infeliz e desgraçado.


Fernanda
MOINHO DA LOMBA

Da Lomba, lembro o moinho
Que remói meu coração,
Vejo as velas, pergaminho
A desfraldar com carinho
Histórias do meu torrão.

Suas pedras ainda erguidas
Na Espalamaca altaneira
Lembram histórias esquecidas
De muitas gentes partidas
P’ra tanta terra estrangeira.

Vejo-o soprar a tristeza
E reviver a saudade,
Que a mó vai esmagando
E vai no vento soprando
O tempo da mocidade.

E nessa ilha singela
Onde a vida não perdoa,
Do peitoril da janela
Vê passar em sua vela
O dia a dia que voa.

Que suas varas partidas
E suas velas rasgadas
Sejam do tempo as ermidas
De tantas obras perdidas
Nessas terras isoladas.


Fernanda,
GENTES DO MAR

Baleeiros, pescadores
Gentes de terras e mar,
No campo navegadores
Dos sonhos de alto mar.

Forjados p’ra trabalhar
Na escola que garantia
Trazer da terra e do mar
O pão duro de cada dia.

Lavradores diligentes
Da terra traziam pão,
No mar eram os valentes
Eu jogava o arpão.

E à noite à hora da ceia
Contavam com devoção,
À luz fusca da candeia
Lendas de baleação.


Fernanda,