sábado, agosto 30, 2008

AMOR COMPREMETIDO

Estamos aqui meu amor nesta planície
chorando junto ao mar este regresso
em alazões de asas douradas meu amor
em comprometedoras manhãs de nevoeiro.

Estamos aqui meu amor de olhos fechados
aguardando que D. Sebastião se reencontre
com o azul desta orfandade ou maldição
como estátuas que as areias modelassem.

Mas as nossas mãos amor!... as nossas mãos!...
onde estão elas amor ?...
onde elas estão?...

Onde estão as nossas palavras sacudindo-se
imberbes aloiradas ressoando
percorrendo-nos inteiras como cânticos
que flutuassem geométricos verticais
ao sabor das liberdades verdadeiras ?...

Onde estão as nossas palavras meu amor ?...
onde estão elas amor ?...
onde elas estão ?...

Tinhamos uma flor em cada mão em cada peito
e em cada solução nos abraçávamos.

Nesta apoteótica espera que nos move
numa vivência de Vivaldi que nos acalma.

ou na brusquidão subitamente acontecendo
de uma sinfonia de Wagner que atordoa.

Esta pintura de Malhoa olhando o mar
nos medos que cheios de medo ainda sofremos
na ilha dos amores de onde emigrámos

e onde sonhámos meu amor

como sonhámos!...

Fernanda Costa

Lisboa, 30 de Agosto de 2008
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quarta-feira, agosto 27, 2008

ENCANTAMENTO!...

Na praia, pelo Sol, eu fui beijada
como só beijar sabem os amantes...
Com a Alma aquecida e a pele doirada
pensava que era jovem como dantes.

E pelo calor estonteada,
recordava momentos delirantes!
Então, mais do que nunca deslumbrada
vibrava com os seus raios palpitantes!

Pensei que se assim fora a eternidade
não teria, jamais, a faculdade
de recordar momentos bons d'outrora!

Oh Sol, que és a fonte da existência!
Quero viver contigo a tua essência
e sentir que o "dantes" inda é "agora".

Fernanda Costa

Lisboa, 27 de Agosto de 2008
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sexta-feira, agosto 22, 2008

GIRASSÓIS!...

Regressava do mar e fiquei presa!
Encantamento tal, louca ventura!
Palavras para quê, se era princesa
coroada por tanta formosura ?

Girassóis agitavam a beleza
num fim de tarde, grito de procura...
Suas hastes continham a leveza
duma corola aberta e insegura!

Um momento de sonho e de verdade!
Eu era uma princesa sem idade
perdida, sem saber por onde vim!

E enquanto o sol se ia escondendo
com sombras que me iam envolvendo,
achei uma perdida igual a mim!...

Fernanda Costa

Lisboa, 22 de Agosto de 2008
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sábado, agosto 16, 2008

ÊXTASE!...

Castelo de duende torturado
batido pela brisa do luar!
És sopro dum farol iluminado
com luzes já difusas a piscar.

És dum tempo vivido, mas passado...
Erguido bem pertinho do meu mar.
Por isso, para mim, tu és sagrado!
És mistério infinito a murmurar!...

Quantas vezes, oculta junto a ti,
me lembro dos momentos que vivi
em louca correria de ilusão!

E hoje, como sombra enluarada,
ainda continuo extasiada,
porque nada na vida foi em vão!

Fernanda Costa

Lisboa, 16 de Agosto de 2008

domingo, agosto 10, 2008

VIVÊNCIAS!...

Colhi os Frutos verdes da bonança.
Colhi o Sol com cheiro a maresia.
Colhi todo o Amor de ser criança.
Colhi muitos Segredos dia a dia.

Guardei-os recheados de Esperança
vibrando com a Vida em sintonia!
Baloucei com os Ventos sempre em dança,
como um Pássaro tonto de folia!

Os frutos, o amor e os segredos
levaram-me a perder todos os medos
para não me quedar, desencantada!

Agora, evocando o que vivi
e tentando esquecer o que sofri
Feliz, prosseguirei na caminhada!

Fernanda Costa

Horta, 10 de Agosto de 2008

quarta-feira, agosto 06, 2008

CÂNTICO!...

Eu quero descobrir lugar romântico
copado de folhinhas de ulmeiro!
Escrever para ti um doce cântico
enfeitado com rendas de loureiro!...

Eu queria fixar neste cântico
dos olhos teus o brilho feiticeiro!...
Atravessar contigo o Atlântico
p´rachegarmos depressa ao nosso outeiro!...

Então, encontraremos a guarrida
de rochas que convidam para a vida
e Aves que estremecem a dormir!

Gritando o nosso cântico de amor,
sorvamos deste tempo o seu sabor
e veremos Estrelas a cair!!!

Fernanda Costa

Horta, 6 de Agosto de 2008