quarta-feira, março 21, 2007

O Vulcão dos Capelinhos


O Vulcão dos Capelinhos, que em 1957 alterou para sempre o destino de tantos Açorianos, continua sendo ama atracção para turistas de todo o mundo. Assim todo o Faialense emigrado de visita à Ilha regra geral, visita o Vulcão na primeira semana.
Não fiz excepção. Logo no segundo dia fui ao Capelo. Algumas casas ainda em ruínas e sem tecto de paredes carcomidas pelas intempéries, reflectem a desolação e a tristeza dos habitantes que à mais de quatro décadas, foram obrigadas a abandonar os seus lares.
Já se vêem algumas verduras em áreas que ao tempo ficaram totalmente soterradas pela cinza negra do vulcão.
O capelo era a minha freguesia predilecta. Ao “ canto “ antes de chegar á estrada que dava para o Porto Comprido onde os baleeiros Picoenses passavam a época da baleação.Desde 1957 ocupada por areias negras onde apenas se via o velho Farol lá em baixo permanecia erecto, frente ao que era então o Porto Comprido, como um monumento a lembrar-nos da sua época áurea, pré-vulcão. Lá estava de paredes enegrecidas desafiando o tempo, património dum passado feliz que o vulcão soterrou.
Continuei o meu trajecto à volta da ilha, e o aspecto desolador de algumas áreas deixou-me deveras entristecida. Casas e igrejas arruinadas, muros tornados maroiços de pedra, vestígios evidentes dos danos causados pelo sismo de 1998. Marcas óbvias e impressionantes do sofrimento daquelas gentes que na lava quente, moldam a arte da resignação e a coragem de procurarem no destino conforto para as frequentes tragédias a que estão sujeitos, pela sua condição de Ilhéus.
No regresso ao Hotel, passei na Praia do Norte, num café onde tomei um “ galão “ com uns bolos saborosíssimos feitos pela dona do estabelecimento. Continuei o meu caminho e ao chegar aos Cedros notei a beleza e o número de casas modernas recentemente reconstruídas e que contrastam com tantas outras que hoje não passam de ruínas, recordações dolorosas da intensidade dos tremores sofridos durante os últimos anos. Fiquei deveras contente quando paro o carro no centro da Praça dos Cedros e vejo o belíssimo Império do Divino Espírito Santo pintado de fresco para as festas já próximas. Lá no centro continua o velhinho Chafariz onde em pequena me sentava pelas festas. Linda também estava a Igreja já restaurada do incêndio de 1971.
Trinta anos de ausência, foi muito tempo. Senti-me como uma turista que visitava a Ilha pela primeira vez e sem notar deixei-me invadir por um sentimento nostálgico, completamente diferente daquilo que eu esperava sentir ao visitar a minha terra natal. Prometi então a mim própria que se Deus me desse vida, jamais ficaria ausente por tanto tempo.
Ao chegar à Cidade da Horta e ao passar pela marina senti uma lágrima rebelde me toldava a vista e,
Assim me despedi
Do cantinho onde nasci,
E lá resolvi deixar
Sementes a germinar.

Ali, eu hei-de colher
Os frutos daquele mar
E hei-de ir ao Pátio
Para ver as toninhas a bailar.


Fernanda

1 comentário:

santosmadruga disse...

Fernanda:
As promessas são para se cumprir.
As toninhas esperam por ti para encetar o seu acrobático bailado.
O verão aproxima-se e com ele a semana do mar.
Agosto espera-te.