segunda-feira, fevereiro 19, 2007

A jeito de introdução

Não tinha a menor intenção, de escrever fosse o que fosse, quando me desloquei aos Açores em Junho de 2004. Porém, esta experiência de regresso, foi de tal modo marcante ao fim de quase trinta anos, que decidi registar encontros significativos, que jamais quero olvidar.
Assim, nasceu este molhinho de recordações, que tem como mérito partilhar, a experiência de regresso á Terra - Mãe que, à primeira vista se me apresentou diferente, mas no fundo não deixa de ser mãe e, como tal, sempre acarinha a filha ou filho que um dia regressa ao lar, embora só de passagem.
Obervar a minha ilha do Faial, as ruínas causadas pelo último sismo, as inúmeras casas totalmente demolidas, as igrejas de paredes rachadas, como é o caso da igreja das Angústias na cidade da Horta, como se tivessem sido atingidas por uma série de raios e das estradas abandonadas e fora de circulação, levou-me a recordar horas angustiadas, vividas por tantos faialenses aquando da erupção do vulcão dos Cape linhos e, senti - me deveras entristecer.
É que, esta visão do presente fez – me lembrar o que há muito vivi e aprendi sobre os sofrimentos e as calamidades que ao longo de cinco séculos, flagelaram o povo
Açoriano, consequência da sua situação geográfica e da natureza vulcânica do seu solo.
Através da sua existência, Os Açores enfrentaram terramotos e vulcões que derrubaram freguesias e dizimaram povoações inteiras e ainda os furacões e tempestades marítimas, que continuam a assolar as costas das suas ilhas.
A minha visita à Ilha que me viu nascer, depois de tantos anos sensibilizou-me profundamente. Frente ao farol denegrido, dos Capelinhos, olhando céu e mar a contrastar com o negrume da areia , recordei o terror dos tremores que nos abalavam frequentemente e, senti crescer no fundo do meu ser , um imenso respeito por aqueles que optaram por ficar na terra, lutando teimosamente para preservarem a sua açorianidade e a beleza do oásis, que são as nossas ilhas. Essa luta, por vezes titânica, não foi em vão. Apesar de tudo, os Açores conservam a pureza do ar, a limpidez das suas águas, a beleza inigualável das suas paisagens, a riqueza do seu solo, o azul celestial de mar e céu que as hortênsias matizam, o milagre verde da sua exuberante vegetação e, o seu povo continua a ser a mesma gente honesta, afável, generosa e hospitaleira que tem por lema, “Fazer bem sem olhar a quem”.
Ali, na minha terra de origem, ao fim de tantos anos senti renascer em mim, um sentimento mais forte de pertença; decifrei então letra por letra a palavra SAUDADE e, constatei que, nem o tempo nem a distância, lograram alterar as raízes da minha açorianidade. Nas voltas pela MINHA ILHA ENCANTADA, registei centenas de fotografias dos lugares, que tanto me fizeram sonhar aos longos dos anos.

2 comentários:

Pessoa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pessoa disse...

PARABÊNS ÀS PESSOAS QUE NÃO DEIXAM CAIR A SUA TERRA NATAL NO ESQUECIMENTO, DO NOSSO LINDO PORTUGAL